segunda-feira, 16 de agosto de 2010

FAZENDA JUAZEIRO


Publicamos este poema abaixo de autoria do poeta João Bosco para servir de motivo de uma boa leitura. Aproveitem!

FAZENDA JUAZEIRO

(Autor: João Bosco)

Com lápis, papel e tinta

Idéia e boa memória

Da Fazenda Juazeiro

Escrevi a trajetória

Que dela já faço parte

E como bom baluarte

Vou decantar sua história.

Chiquinho Delfino dos Santos

Foi o seu dono primeiro

Que na década de setenta

Encontrando um bom dinheiro

Toda fazenda vendeu

Fez inventário e deu

De herança para cada herdeiro.

Ficou morando uns meses

Mas sentindo tristeza

Sua idade se avançando

Tendo a morte por certeza

Por ter vendido a moradia

Resolveu findar seus dias

Na capital Fortaleza.

Lá ficaram os três filhos

Narci, Dodó e Babá

Que construíram famílias

Naquele belo lugar

Narci foi embora depois

Dos três só ficaram dois

Que até hoje estão por lá.

O Babá que do seu pai

Sempre quis seguir a trilha

O Dodó nunca quis luxo

E nem saber de mobília

Só trabalhavam contentes

Pois queriam somente

Sustentar suas famílias.

Mas um dia veio a surpresa

Pro Babá e pra Dodó

Quando chegou um doutor

De gravata e palito

Com uma escritura na mão

Disse a fazenda foi ao leilão

E eu dei o lance maior.

Aí ninguém deu ouvido

E o doutor foi embora

Mas com um ano ele voltou

No mesmo mês, dia e hora

Já falando aborrecido

Como não foi resolvido

Quero minha fazenda agora.

Babá teve tanta revolta

Que nem comer não queria

Dodó preocupada

Que nem de noite dormia

Ficava se lastimando

Baixava a cabeça pensando

No tanto da covardia.

Toda família irritou-se

Ao receber a mensagem

Tinha um genro da Dodô

Que odeia a sacanagem

Dizendo eu entro na guerra

Se minha sogra perder a terra

Eu resolvo na pistolagem.

O doutor mandou chamar para uma reunião

Prometeu dar para as famílias

Um pedacinho de chão

Por não poder indenizar

Ou querendo se livrar

De uma grande questão.

Todos se reuniram

No fórum naquele dia

O juiz mandou logo

Fazer a topografia

E cobrou um pagamento

Pra fazer um documento

De cada uma moradia.

Ligaram para o topógrafo

Que veio ligeiro de mais

Colocou o GPS

Em todos os pontos cardeais

Par efetuar a medida

Cobrou logo de saída

Mil e quinhentos reais.

Na hora não tinham o dinheiro

Pelo topógrafo cobrado

Mas o doutor Jeocélio

Num gesto muito educado

Através de conhecimento

Foi dizendo o meu pagamento

Eu posso fazer parcelado.

Tudo foi feito no acordo

E até hoje tudo bem

Não precisou de questão

Não arranhou-se ninguém

Isso é que é bonito

Graças a Deus, sem conflito

Nas horas de Deus, amém!

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