Publicamos este poema abaixo de autoria do poeta João Bosco para servir de motivo de uma boa leitura. Aproveitem!
FAZENDA JUAZEIRO
(Autor: João Bosco)
Com lápis, papel e tinta
Idéia e boa memória
Da Fazenda Juazeiro
Escrevi a trajetória
Que dela já faço parte
E como bom baluarte
Vou decantar sua história.
Chiquinho Delfino dos Santos
Foi o seu dono primeiro
Que na década de setenta
Encontrando um bom dinheiro
Toda fazenda vendeu
Fez inventário e deu
De herança para cada herdeiro.
Ficou morando uns meses
Mas sentindo tristeza
Sua idade se avançando
Tendo a morte por certeza
Por ter vendido a moradia
Resolveu findar seus dias
Na capital Fortaleza.
Lá ficaram os três filhos
Narci, Dodó e Babá
Que construíram famílias
Naquele belo lugar
Narci foi embora depois
Dos três só ficaram dois
Que até hoje estão por lá.
O Babá que do seu pai
Sempre quis seguir a trilha
O Dodó nunca quis luxo
E nem saber de mobília
Só trabalhavam contentes
Pois queriam somente
Sustentar suas famílias.
Mas um dia veio a surpresa
Pro Babá e pra Dodó
Quando chegou um doutor
De gravata e palito
Com uma escritura na mão
Disse a fazenda foi ao leilão
E eu dei o lance maior.
Aí ninguém deu ouvido
E o doutor foi embora
Mas com um ano ele voltou
No mesmo mês, dia e hora
Já falando aborrecido
Como não foi resolvido
Quero minha fazenda agora.
Babá teve tanta revolta
Que nem comer não queria
Dodó preocupada
Que nem de noite dormia
Ficava se lastimando
Baixava a cabeça pensando
No tanto da covardia.
Toda família irritou-se
Ao receber a mensagem
Tinha um genro da Dodô
Que odeia a sacanagem
Dizendo eu entro na guerra
Se minha sogra perder a terra
Eu resolvo na pistolagem.
O doutor mandou chamar para uma reunião
Prometeu dar para as famílias
Um pedacinho de chão
Por não poder indenizar
Ou querendo se livrar
De uma grande questão.
Todos se reuniram
No fórum naquele dia
O juiz mandou logo
Fazer a topografia
E cobrou um pagamento
Pra fazer um documento
De cada uma moradia.
Ligaram para o topógrafo
Que veio ligeiro de mais
Colocou o GPS
Em todos os pontos cardeais
Par efetuar a medida
Cobrou logo de saída
Mil e quinhentos reais.
Na hora não tinham o dinheiro
Pelo topógrafo cobrado
Mas o doutor Jeocélio
Num gesto muito educado
Através de conhecimento
Foi dizendo o meu pagamento
Eu posso fazer parcelado.
Tudo foi feito no acordo
E até hoje tudo bem
Não precisou de questão
Não arranhou-se ninguém
Isso é que é bonito
Graças a Deus, sem conflito
Nas horas de Deus, amém!
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